"CARBONO AZUL"

Os oceanos são o coração do planeta. São eles os motores do ciclo de carbono, nitrogênio, fósforo, água, clima, etc. E o mais importante é que estes ciclos não são só ciclos químicos ou físicos – são ciclos biológicos. Não aconteceriam sem a abundante vida nos oceanos. As algas e fitoplâncton, por exemplo, são responsáveis por 70% do oxigênio na atmosfera – sem esses organismos a composição química da atmosfera e dos oceanos seria completamente diferente. Os corais, a vegetação marinha e até os animais marinhos imobilizam uma enorme quantidade de carbono. Cientistas dizem que os oceanos absorvem metade do carbono que emitimos para a atmosfera através da queima de combustíveis fósseis e desmatamento. Mas não são os oceanos – é a vida nos oceanos que faz isso! Nos últimos 50 anos, retiramos do mar 90% dos grandes peixes – enormes cardumes de…carbono! Neste mesmo período, a quantidade de fitoplâncton diminuiu em 40%. Isso reduz a capacidade dos oceanos de absorver CO2 da atmosfera, e também de produzir oxigênio. No fundo dos oceanos há grande quantidade de metano aprisionado pela baixa temperatura e alta pressão que existe nessas profundezas. Mas o aumento da temperatura da água dos oceanos, devido ao aquecimento global, ameaça liberar esse metano para a atmosfera, o que resultaria em uma catástrofe de proporções inimagináveis. O metano é um gás do efeito estufa vinte vezes mais poderoso que o CO2. Na Rússia, na costa do Oceano Ártico, o metano já borbulha até a superfície em um ritmo que aumenta a cada ano. O mesmo fenômeno foi observado pela Dra. Sylvia Earle no Golfo do México em 2010, na ocasião em que investigava os danos causados pelo maior derramamento de petróleo da história. O aquecimento global ameaça desencadear um ciclo vicioso de liberação de gases do efeito estufa que pode criar uma gigantesca extinção da vida marinha. Quando o mar se aquece, normalmente a camada superior da água esquenta mais que as camadas inferiores, e essas camadas param de se misturar, evitando também o transporte de nutrientes. Água mais quente também retém menos oxigênio dissolvido, criando enormes zonas mortas. E quanto mais CO2 houver na atmosfera, mais CO2 se diluirá na água, aumentando a sua acidez (CO2 na água se transforma em ácido carbônico). É claro que estes desastres não acontecerão da noite para o dia, mas todos os processos que eu descrevi já estão em curso. Não sabemos o quanto podem acelerar. Cientistas acreditam, porém, que um processo semelhante há 250 milhões de anos, desencadeado por processos naturais, resultaram na morte de mais de 90% de toda a vida no planeta – a maior extinção em massa já conhecida. Precisamos pensar urgente nos oceanos e no carbono azul que podem estocar – e liberar! Nossa sobrevivência a longo prazo dependerá disso.
( Por Roberto Vámos - 02/04/2012 - PLANETA SUSTENTÁVEL )

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