NO MEIO DA FUMAÇA

terça-feira 24/08/2010

NO MEIO DA FUMAÇA


Notícia - 23 ago 2010
Greenpeace sobrevoa e registra queimadas na Amazônia, que não poupam nem áreas protegidas. Fogo tem avançado de fronteira agropecuária para floresta.


Nuvem de fumaça encobre área que um dia já foi floresta. Nessa época, o fogo se alastra pela Amazônia. © Greenpeace/Rodrigo Baleia
“As condições de voo são precárias. A visibilidade está muito reduzida e é difícil controlar o avião”, avisava o piloto pelo rádio, na última quinta-feira. Sobrevoando a Floresta Nacional do Jamanxim, área protegida por lei no Pará, uma equipe do Greenpeace constatou o que os satélites já diziam: o local era pura fumaça. Há pelo menos um mês entre as dez unidades de conservação que mais queimam, a Flona do Jamanxim é uma faísca do que está acontecendo pela Amazônia nessa época.
Não é novidade. Quando os meses de junho e julho batem à porta, a chuva dá uma trégua e a temporada da seca chega à floresta tropical brasileira. É quando os produtores rurais aproveitam para “limpar” seus terrenos e renovar o cultivo, seja de agricultura ou pasto para a pecuária. Jeito antigo e barato de fazer o trabalho, o fogo ainda permanece como prática extremamente comum na região. Daí para as chamas avançarem sobre as cercas das fazendas e adentrarem a floresta é um pulo.
Foi justamente isso que o Greenpeace documentou. Em quatro dias de sobrevoos, a equipe cruzou o Pará de cima a baixo e foi do Norte a Oeste de Mato Grosso. Passando por muitas áreas embaçadas pela fumaça, foi difícil registrar as queimadas. Mas foi fácil perceber a associação entre fogo e áreas de expansão da agropecuária. Cruzando dados do Prodes (Pograma de Cálculo do Deflorestamento da Amazônia) com os locais dos focos, é fácil perceber que, geralmente, o fogo começa na fronteira entre floresta e campo.
“Encontramos grandes focos. Na região da BR-163, o fogo começou no pasto e já atingiu a floresta. E a mesma coisa acontece no Norte de Mato Grosso”, conta Paulo Adario, diretor da Campanha da Amazônia do Greenpeace. “Isso é trágico , porque além de afetar a saúde da população, as queimadas são, junto com o desmatamento, a principal contribuição que o Brasil dá para as mudanças climáticas. É preciso parar isso”.
Vem mais pela frente
Em tempos de mudanças no clima e acordos internacionais, a necessidade de frear as queimadas é latente: somadas às derrubadas, elas jogam na atmosfera 75% das emissões de gases estufa que o Brasil produz. Mas a tendência é que a curva de focos de calor só faça aumentar nos próximos meses. Além de ser um ano eleitoral, quando historicamente as autoridades fazem vista grossa para o problema, dessa vez, a seca está castigando.
A umidade relativa do ar este ano está baixíssima em algumas regiões da Amazônia. A taxa, que normalmente bate os 80%, já está em 15% no Sul do Amazonas e no Norte do Mato Grosso, por exemplo. O número está abaixo do que se encontra hoje São Paulo e Minas Gerais, ambos em torno dos 25%.
Esse cenário é propício para que o fogo se alastre. E as conseqüências já estão aí. As principais cidades amazônicas, como Manaus, Cuiabá e Porto Velho, têm passado os dias sob uma densa nuvem de fumaça. Os aeroportos abrem e fecham, a economia é afetada e a população bota fuligem para dentro dos pulmões. “Tudo isso que está acontecendo não ajuda os fazendeiros, não ajuda os nossos pulmões”, afirma Paulo Adario. “E, seguramente, não ajuda o clima do planeta”.

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